Concluir obras de Angra 3 seria a decisão mais sensata para o país

Obras paradas na Usina Angra 3,em Angra dos Reis (RJ) — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo/04-03--2020

Big data Nov 19, 2024 IDOPRESS

Obras paradas na Usina Angra 3,em Angra dos Reis (RJ) — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo/04-03--2020

O governo federal decidirá até dezembro se investirá para concluir as obras de Angra 3,terceira usina nuclear do país. A análise deve ser feita sem preconceitos,considerando a necessidade da transição energética imposta pelas mudanças climáticas e os custos financeiros do projeto. Em vários países,a energia nuclear,cujo nível de emissões é baixo na comparação com outras fontes,tem saído vencedora nos debates. A China lidera a expansão,com dois novos reatores inaugurados em 2022 e quatro outros em construção. No ano passado,a Finlândia inaugurou a primeira usina na Europa em 15 anos. A França está construindo seis novas,com a opção de iniciar outras oito. A Índia pretende triplicar sua geração atômica até 2031.

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Os defensores da conclusão de Angra 3 ressaltam que a usina produzirá energia firme e limpa para complementar a produção crescente de fontes intermitentes. Além de quase não emitir gás carbônico,a geração nuclear pode ser feita sob demanda diante da necessidade (como a térmica),sem estar sujeita às variações de sol e vento (como solar e eólica). Um estudo publicado pelo BNDES em setembro estimou que uma tarifa de energia de R$ 653 por megawatt-hora,condizente com a geração térmica,tornaria viável a conclusão das obras.

O que acontece nos Estados Unidos é sintomático. Com o aumento da disputa pelo desenvolvimento de inteligência artificial,que consome grande quantidade de eletricidade,gigantes digitais fecharam nos últimos dois meses contratos de energia atômica. As fontes eólica e solar foram mantidas,mas era preciso garantir fornecimento nas 24 horas do dia — e só a energia nuclear assegurava isso sem aumentar a pegada de carbono.

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Há duas críticas à geração atômica. A primeira diz respeito à segurança. Desastres como Three Mile Island (Estados Unidos),Tchernóbil (Ucrânia) e Fukushima (Japão) mostram que se trata de questão fundamental. Mas a maioria avassaladora das centrais nucleares em funcionamento no planeta jamais deu problemas do tipo. A França depende há várias décadas de energia nuclear sem sobressalto. É possível mitigar os riscos.

A segunda crítica se concentra nos custos. Para entrar em operação,Angra 3 consumirá mais R$ 30 bilhões. Atrasos e estouros no orçamento são recorrentes no setor e,num país como o Brasil,costumam ganhar proporções maiores. A construção da central começou na década de 1980 e,mesmo parada,a obra consome R$ 1 bilhão por ano só em manutenção para evitar deterioração do equipamento. De acordo com o BNDES,desistir da conclusão custaria R$ 21 bilhões,incluindo os gastos desde 2010,dívidas e multas. Como parada ela já consome uma fortuna,não dá mais para adiar uma decisão. Se o governo dispuser de R$ 30 bilhões para investir,a usina produzirá a energia prometida e poderá pagar quanto foi despendido nela até agora.

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