Câncer de próstata: vacina desenvolvida no Brasil pode ser nova arma contra a doença

Vacina contra o câncer. Foto: Freepik — Foto: Freepik RESUMOSem tempo? Ferramenta de IA resume para você

Tecnologia Dec 19, 2024 IDOPRESS

Vacina contra o câncer. Foto: Freepik — Foto: Freepik

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GERADO EM: 18/12/2024 - 20:30

Vacina FK-PC101: promessa de redução de recorrência do câncer de próstata nos EUA

Vacina brasileira FK-PC101 contra câncer de próstata em testes nos EUA promete reduzir recorrência da doença. Personalizada,fortalece o sistema imunológico. Diagnóstico precoce é crucial para a cura. Recomenda-se exames regulares,especialmente para grupos de risco.

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As vacinas terapêuticas para o tratamento do câncer podem estar mais perto do que parece de se tornar uma realidade. Algumas já estão em fase de teste clínico em humanos,sendo uma delas um imunizante contra o câncer de próstata,desenvolvido por pesquisadores brasileiros.

Batizada de FK-PC101,a vacina se tornou a primeira tecnologia completamente desenvolvida no Brasil a receber a aprovação da FDA,agência que regula medicamentos nos EUA,para realizar testes clínicos no país. Se bem-sucedida,a expectativa é que chegue ao mercado em cerca de 18 meses.

Ao contrário das vacinas tradicionais,que previnem a infecção ou casos graves de doenças como sarampo,pólio,gripe e Covid-19,as vacinas terapêuticas para câncer buscam prevenir a recorrência de um tumor. Dessa forma,todos os esses imunizantes são personalizados.

Isso significa que a FK-PC101 é criada a partir de células cancerígenas de cada paciente,coletadas durante a cirurgia. Sua administração,após o tratamento inicial da doença,busca fortalecer o sistema imunológico e reduzir a recorrência do câncer de próstata. Dados preliminares indicam que a vacina reduz a recorrência da doença de 37% para 12% e a mortalidade de 12,8% para 4,3%.

— Hoje tem se tentado melhorar o tratamento da doença localizada para aumentar a probabilidade de cura e reduzir o risco de recorrência. A vacina é uma forma de tentar administrar algo para que o sistema imunológico do paciente seja mais ativo e diminua o risco de recorrência da doença — explica o oncologista Denis Jardim,líder nacional da especialidade de tumores urológicos da Oncoclínicas.

Depois do câncer de pele não melanoma,o câncer de próstata é o tumor mais comum nos homens. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca),são estimados 72 mil novos casos da doença por ano até 2025.

— Um em cada oito homens vai desenvolver câncer de próstata ao longo da vida — diz Jardim.

A próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga e que envolve a uretra. Ela é responsável pela produção dos nutrientes e fluidos que constituem o esperma. O câncer se desenvolve quando as células dessa glândula se multiplicam anormalmente e formam um tumor.

Ele pode se instalar em qualquer área da próstata e à medida que cresce,vai ocupando gradativamente os lobos direito e esquerdo. A maior parte dos pacientes não manifesta sintomas até que o tumor esteja em fase avançada.

Porém,quando há sinais é possível notar vontade frequente de urinar,inclusive à noite; sangue na urina ou sêmen; fluxo da urina interrompido ou sensação de bexiga cheia,mesmo após urinar; dor ao urinar e disfunção erétil. Em casos mais avançados,em que o câncer já se espalhou para outras regiões pode haver dor nos ossos,fraqueza e perda de apetite.

O envelhecimento é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata,sendo mais comum na faixa etária dos 70 aos 75 anos. Outros fatores de risco incluem raça - homens negros correm mais risco e tendem a desenvolver tumores mais agressivos - e histórico familiar.

— Sedentarismo e alimentos ricos em gordura e proteína animal também contribuem para o risco da doença — diz Gustavo Cardoso Guimarães,diretor do Instituto de Urologia,Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos da BP.

Embora seja uma doença bastante comum,o câncer de próstata não tem alta letalidade e é uma doença heterogênea.

— Tem tumores que são lentos e muitas vezes não ameaçam a vida do pacientes e alguns que são muito agressivos — pontua Jardim.

A maioria dos tumores na região são os adenocarcinomas,que podem ser de baixo grau,intermediário e alto grau.

— O grupo de baixo risco é formado por pacientes com tumores que demoram para progredir e são acompanhados apenas por exames. Os de alto risco são submetidos a tratamentos mais agressivos ou combinados. Já os de risco intermediário passam por tratamentos direcionados,como cirurgia ou radioterapia,e são o grupo de estudo da vacina — diz Guimarães.

Quando a doença está localizada,o principal tratamento é a cirurgia. A radioterapia entra como uma segunda opção para esses casos.

— Ambas têm intenção curativa,que é diretamente proporcional à gravidade e extensão da doença — pontua Jardim.

Já para as doenças avançadas,a principal forma de tratamento são medicações,que inclui bloqueio hormonal e uso de drogas como quimioterapia,radioterapia direcionada,terapias de precisão e imunoterapia. Graças a essas opções,atualmente muitos pacientes com doença avançada conseguem controlá-la e conviver com ela,de forma crônica.

— Houve uma evolução em todas as áreas. Agora estamos começando a ver a evolução da medicação,da imunoterapia e da genética. O futuro provavelmente será alvo específico,com a possibilidade até mesmo de terapia gênica para mutações específicas. Mas,no momento,talvez o mais promissor sejam as imunoterapias e as vacinas tumorais dirigidas — diz Guimarães.

Apesar de todos esses avanços,não há dúvidas que o diagnóstico precoce é o principal fator para o prognóstico da doença.

— Quanto mais precoce a doença,maiores as chances de cura — ressalta Guimarães.

Por isso,é fundamental realizar os exames periódicos. A recomendação para a população em geral é realizar o PSA a partir dos 50 anos de idade. Já para grupos de risco,como pessoas com histórico familiar ou de etnia negra,a recomendação é começar mais cedo,com cerca de 45 anos,ou 10 anos antes do caso mais jovem na família.

— Boa parte dos homens são assintomáticos e são descobertos pelo rastreio — alerta Jardim.

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